Peirô: travessias entre afetos e experiência
- projetopeiro
- 16 de dez.
- 3 min de leitura
Texto de Tayná Lopes e Anderson Martins
Somos o Coletivo Peirô, formado por artistas-professores-pesquisadores. Nascemos em 2023, a partir de vivências e trocas entre duas amigas e estudantes de Licenciatura em Teatro/CAL/UFSM, com formações acadêmicas anteriores nos campos da educação e da comunicação. Por desejos e inquietações em comum, logo se uniram a um terceiro integrante, já graduado na área das artes cênicas.
Juntos, observamos e dialogamos sobre o Teatro de Formas Animadas na cidade de Santa Maria/RS. Notamos as poucas propostas atuantes na cidade em relação a essa linguagem teatral, o quanto ela se faz presente nos espaços escolares e o amplo interesse dos estudantes de artes, educação e agentes culturais da região no assunto. Assim, percebemos a potência da área para se começar um trabalho!

E, desde então, o Coletivo Peirô vem se debruçando sobre a pesquisa de diferentes técnicas de Teatro de Formas Animadas, como bonecos híbridos, lambe-lambe, sombras e bonecos de manipulação direta e indireta, atuando em processos de pesquisa, formação e fruição voltados para essa linguagem. Para além da especificidade do Teatro de Formas Animadas, o foco das produções do grupo também abrange o campo da acessibilidade e da pluripercepção sensorial.
Clique para ler as legendas das fotos
Foto 1: Apresentação da cena "Plantar-se", com o Boneco Híbrido "Broto" - Foto: Nathália Arantes.
Foto 2: Apresentação da cena "Vovó Domingas" - Foto: Gabrielle Simon.
Foto 3: Ana Emília com nosso Fantasminha feito de sacolas plásticas - Foto: Nathália Arantes.
Foto 4: Ana Emília apresentando a cena de teatro lambe-lambe "Todos os Dias" -
Foto: Gabrielle Simon.
Foto 5: Tayná apresentando a cena de lambe-lambe "Como uma Tartaruga" -
Foto: Gabrielle Simon.
Foto 6: Tayná e Vó Domingas recebendo afagos do público - Foto: Gabrielle Simon.
A palavra Peirô, nome pelo qual escolhemos ser chamados, nos encontrou enquanto líamos o texto “Notas sobre a experiência e o saber de experiência”, do filósofo Jorge Larrosa Bondía (leia o texto aqui). Ela vem do grego e significa atravessar — o autor utiliza essa palavra para explicar o que é experiência:
“Em grego, há numerosos derivados dessa raiz que marcam a travessia, o percorrido, a passagem: peirô, atravessar; [...] O sujeito da experiência tem algo desse ser fascinante que se expõe atravessando um espaço indeterminado e perigoso, pondo-se nele à prova e buscando nele sua oportunidade, sua ocasião. [...] o sujeito da experiência seria algo como um território de passagem, algo como uma superfície sensível que aquilo que acontece afeta de algum modo, produz alguns afetos, inscreve algumas marcas, deixa alguns vestígios, alguns efeitos.” (Bondía, 2002).

Escolhemos ser lembrados por aquilo que representa experiência, pelo sentido e amplitude desse termo. Ele nos identifica e fortalece o nosso olhar enquanto artistas, professores e pesquisadores, porque, para nós, experienciar é parte fundamental e indissociável da aprendizagem e do fazer artístico.
Em nossos laboratórios de criação entendemos logo cedo que criar um boneco é uma tarefa complexa e afetiva. Em nosso caso, também é um processo artesanal e de tentativa e erro. Pensar a história que queremos contar, conceber as personagens, compreender as necessidades das personagens naquela história para então idealizar o boneco e seus “mecanismos”, escolher os materiais a serem utilizados, construir os cenários e os bonecos para então, finalmente, enxergar o boneco recém chegado e seguir o trabalho de ensaios e elaboração das cenas.

E para além dos processos de construção das histórias, cenas e bonecos, as intenções do nosso coletivo também são direcionadas para o espaço das trocas e dos atravessamentos que o fazer teatral proporciona. Como bem disse Bondía: “A experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. Não o que se passa, não o que acontece, ou o que toca.” Daí vem, também, nossa vontade de desenvolver atividades de caráter formativo, como oficinas e vivências.
São para esses lugares que direcionamos nossos esforços coletivos, querendo construir uma rede de compartilhamentos e experiências a partir das possibilidades (infinitas!) do Teatro de Formas Animadas. Mas isso é assunto para um outro post porque o Peirô ainda tem muita história pra contar e escrever!
Obrigado por nos acompanhar aqui.
Siga-nos em nossas redes para não perder nada.
Até a próxima!















Comentários