Registros em formação: como o Coletivo Peirô me fez crescer pelo encontro
- projetopeiro
- 6 de dez.
- 3 min de leitura
Texto de Nathália Arantes
Neste mês de novembro faz exatamente um ano que conheci o Coletivo Peirô. O trio, que hoje me inspira como coletividade, já nos primeiros contatos me fez reconhecer que o projeto traduz algo que considero essencial para a formação de uma sociedade: tornar o fazer artístico mais acessível e presente no cotidiano de quem aprende, ensina e cria. Com muita potência e segurança naquilo a que se propõe, o coletivo ocupa e fortalece espaços, principalmente os educativos, dando visibilidade à linguagem teatral e ampliando seu alcance.

É bonito testemunhar como esse trabalho contribui para popularizar o teatro e consolidá-lo como parte fundamental da formação das crianças, dos professores e da comunidade escolar. Outra coisa que é essencial destacar é como os diferentes saberes e formações que cada integrante do trio carrega se cruzam na linguagem teatral, fazendo com que as experiências se ampliem e se fortaleçam no coletivo.
Ao longo de 2025, ficou evidente o alcance que o grupo tomou. A cada oficina, novos rostos chegavam com suas próprias vivências e modos de se relacionar com a arte. E, ao mesmo tempo, havia quem retornasse oficina após oficina, criando continuidade e aprofundando as trocas. E, de algum modo, tudo isso fortalecia ainda mais aquilo a que o projeto se propõe: formar pelo encontro e pela experimentação coletiva.
A partir desse movimento constante entre chegadas, retornos, escutas e descobertas, também fui reconhecendo o meu “caminhar” junto ao pessoal. Fotografar o Peirô não é registrar as atividades a partir de um lugar de distanciamento e não envolvimento. Muito pelo contrário: foi, antes de tudo, aprender com ele. A cada encontro, meu olhar se aprimorava ainda mais aos gestos do trio, dos oficineiros e dos participantes, buscando representar nas imagens as constantes manifestações de encantamento dos que ali estavam, assim como a maneira como cada pessoa se colocava no processo. É que o Peirô torna o encontro propenso a esses movimentos, com detalhes que só existem a partir da troca, da abertura e da experimentação. Estar com o coletivo fez com que aqueles momentos para mim também fossem um processo formativo, um espaço de observação e, de algum modo, de criação em conjunto.
Para além do conhecimento técnico e sensível que adquiri fotografando as atividades, houve ali algo que só se aprende no convívio: as conversas antes e depois das oficinas, os comentários sobre o processo, o modo como o trio enxerga a arte, a educação e a criação. Tudo isso atravessou meu olhar e me formou de alguma maneira que eu talvez nem consiga nomear completamente agora.
Foi um aprendizado que aconteceu na prática, no cotidiano, no improviso — e que só se tornou possível porque, em todos os momentos, o trio se mostrou receptivo, acolhedor e generoso. Trabalhar com eles me fez entender que a fotografia, quando alinhada ao processo pedagógico e artístico, não é apenas registro: é parte da construção. É mais uma camada do que se vive ali.
Um ponto essencial que agregou demais ao meu processo é o fato de, por meio do diálogo e das trocas, sempre encontrar um ambiente aberto, onde havia liberdade para experimentar e confiança para criar. No Peirô, pude transitar com naturalidade entre observar e participar, entre escutar e registrar, e isso fez com que meu olhar se expandisse sem medo. Foi essa abertura que permitiu que eu crescesse junto ao grupo, refinando o meu modo de trabalhar de uma forma que certamente me acompanhará nos próximos projetos.
Por fim, quando penso no Peirô, penso na música Bailes da Vida, cantada pelo mestre Milton Nascimento: “Só quem toma um sonho como sua forma de viver pode desvendar o segredo de ser feliz”. E isso se reflete no trecho mais forte e bonito da música: “Todo artista tem de ir aonde o povo está”. O Peirô faz exatamente isso: aproxima, se coloca junto e compartilha o que sabe com quem também quer sonhar. É nesse encontro que o grupo se firma, cresce e se transforma. E foi nesse movimento que eu também me encontrei. Vida longa ao Coletivo Peirô, que, mais do que sonhar, faz do realizar o seu ofício.

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